Um Dia Fantástico

superhero-boy

O que aconteceu hoje me fez recordar um dia feliz e fantástico de minha infância.

Eu era bem pequeno e estava no colégio, quando vi dois garotos brincando de super-herói. Eu achei bem legal, mas tinha vergonha de ir brincar com eles, pois as outras crianças ficavam tirando sarro deles.

Algumas semanas depois, eu criei coragem e fui lá pedir para brincar também. Foi um dos melhores dias da minha vida. A sensação de salvar os indefesos e as criaturas em perigo me fascinava!

Já se passaram quinze anos e, apesar de muita coisa ter mudado em minha vida, nunca me esqueci daquele dia.

Há cerca de dez anos eu me mudei de cidade, perdi o contato com aqueles amigos, mas fiz novos amigos. A vida continuou, e estava indo muito bem até dois anos atrás.

Eu estava indo para a faculdade quando um carro, fugindo da polícia, entrou na contramão e bateu no ônibus em que eu estava. O acidente foi feio. Quase todas as pessoas que estavam no ônibus morreram. Eu perdi os meus dois braços e minhas duas pernas.

Foram dias muito difíceis os que passei no hospital. Minha família sempre esteve ao meu lado. Mas minha namorada foi a mais guerreira, a grande maioria teria terminado o relacionamento por não suportar viver com alguém naquelas condições, mas a minha, não, ela nunca saiu do meu lado.

Cerca de duas semanas depois, dois empresários, que eram amigos da minha família, ofereceram pagar braços e pernas mecânicas. Eles me ofereceram um modelo novo, que tinha acabado de ser lançado no mercado. Diferente de outros modelos, esse me permitiria ter sensibilidade nos membros; eles eram mais orgânicos do que os outros.

Desde então, foi um ano e meio de reabilitação. Os membros novos foram aceitos bem pelo meu corpo, e por serem mecânicos me deixaram mais forte e mais rápido. À medida que tempo passava, fui tendo a percepção de que eu conseguia realizar atividades que antes eram impossíveis.

Hoje, andando na rua, vi um carro fugindo da polícia, ele entrou na contramão, e foi em direção a um ônibus. Instintivamente eu corri, fui em direção ao ônibus, mas não consegui impedir que o carro batesse nele, mas consegui segurar o ônibus e impedir que mais mortes ocorressem.

Então me lembrei da minha infância, quando brincava de super-herói. Hoje eu acabei me tornando um.

Jônatas Viza

Deixe um comentário